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terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Rescaldo - Mountain Quest, Janeiro 2012

«Mountain Quest?! Hmmmm…»
Aqui, estava eu a falar com os meus botões quando o Jonas lançou a ideia. Não uma ideia louca, mas uma ideia para loucos!

«Tentador…»
Aqui estava eu a delirar!

Partilhei a ideia do Jonas com a Cristina, na esperança que ela me dissesse «César, não estás a pensar alinhar nessa maluqueira, pois não?».
Precisava de ser chamado à atenção para ser racional e obtive então a resposta da Cris «Vais, não é?! Afinal começaste a treinar para objectivos maiores!»
Estava então o caldo entornado!!!
Não demorou muito a surgir um amigo, o Bruno Silva de Tarouca, a dizer-me que podia contar com ele para alinhar e, assim foi!

O bom senso do Jonas fez com que arranjasse 2 alternativas ao percurso que inicialmente pensou como único e aí tudo ficou mais fácil para quem, como eu e o Bruno, ia aceitar o desafio Mountain Quest!
Passariam a existir 3 percursos: 95km c/ 3600mt, 133km c/ 4200mt e 164km c/ 5200mt. Mesmo não sendo opções para todo o tipo de BTT’ista, ficava agora mais “fácil” completar o Mountain Quest!

Desde que vi a “ementa”, achei por bem apontar baterias para a virtude (dizem que no meio está a virtude, não é?!)! O objectivo seria o percurso dos 133km com um desnível acumulado vertical de 4.200mt (continuava de certa forma apreensivo, o meu “recorde” de acumulado num só dia cifrava-se em 3.100mt)!
Tudo estava preparado e acertado, entre mim e o Bruno, que seria aquele o percurso a fazer ou então, caso não fosse possível chegar ao ponto da primeira separação até uma certa hora, passaríamos a optar pelo percurso mais curto.

Chega a véspera do grande dia e já no carro tinha tudo aquilo que achava necessário para ao final do dia trabalho seguir directo para Amarante, onde jantaríamos num restaurante local.
Havia a possibilidade de jantar com alguns dos restantes participantes na Casa da Juventude, onde seria também a dormida (sim, o Jonas pensou em tudo, ele é mesmo assim, um profissional a todos os níveis organizativos!), mas optamos por ir sem pressas, sem horários, chegar e simplesmente jantar, onde nos apetecesse!

Como raramente as coisas correm 100% como as idealizamos, desta vez… assim foi!

Então, voltando à hora de almoço da véspera da Mountain Quest, vejo que estou sem pastilhas de travão na roda de trás, algo que não contava porque a Stump poucos quilómetros tem, mas a última maratona foi em Sepins e lá a lama foi desde o 1º ao último km (cada vez que me lembro, até parece que ainda sinto lama por todo o lado)!

Havia ali um senhor problema!
Como é que eu não me lembrei que a lama faz desaparecer as pastilhas de travão?!

Em Moimenta da Beira não há onde se resolvam estes problemas e eu não estava preparado com material de substituição em casa.
A solução seria sair do trabalho o mais “a horas” possível e seguir directo para algum lado onde houvesse uma loja que me salvasse deste problema tão próximo do grande desafio.
Se por um lado estava um pouco desiludido porque a GoPro Hero2 vinha atrasada e já não podia ser utilizada no grande dia, aproveitei o facto de quem a trazia ainda vir em viagem desde Lisboa (um grande obrigado ao meu amigo Carlitos “Guita”), liguei-lhe a pedir que fizesse o especial favor de fazer um desvio e parar em Viseu para me comprar 2 jogos de pastilhas de travão. Problema resolvido!

As pastilhas, e a Hero2 também, chegaram 15min antes de eu arrancar para Amarante, já a noite marcava presença!

Paragem no Castanheiro do Ouro, Tarouca, em casa dos meus pais, onde o Bruno iria ter comigo, era este o local de encontro entre parceiros MQ!
Poucos minutos após as 19h arrancamos em direcção à zona fulcral da questãoSmile!

Chegamos a Amarante, jantamos e bem num restaurante local (no mesmo onde eu jantei na véspera do inicio da Douro Bike Race 2011 e fiquei fã do local por causa do bolo de bolacha!) e logo após o estômago composto seguimos até à Casa da Juventude.
De fora já se via que os percursos estavam a ser apresentados a quem estava presente. Entramos e ainda conseguimos ouvir algumas dicas que estavam a ser dadas pelo João Marinho!

Tralha arrumada na camarata, material seleccionado na mochila e foi tempo de trocar as pastilhas de travão gastas pelas novas. As horas já iam passando com alguma velocidade e desejava-se que fosse mais cedo…
Deitados nos beliches da Camarata nº 1, temos um novo problema, este caricato!
Uma das lâmpadas de tecto existentes, não gostava de estar apagada e insistia em ser psicadélica! Incrível, se ligada funcionava bem, se desligava tornava-se psicadélica!
Algumas tentativas por parte do Bruno para conseguir aceder à mesma e tirá-la do encaixe, mas todas elas foram em vão, até que eu me lembro que o quadro eléctrico estava mesmo atrás da porta de entrada!
Passava já da meia-noite e o despertar seria às 5h00!

5h00, levantar, preparar, tomar o pequeno-almoço e a aventura iria começar!

Tanto doidinho pronto a ouvir as últimas indicações do Marinho e logo após estas… Aboboreira, ainda de noite!
Subir, subir, subir… Ao km 14 paro cerca de 15min para esperar pelo Bruno, já tinha aqui haviam 1.000mt de desnível vertical acumulado, para quem não sabia (leia-se ‘tinha noção’) o que iria encontrar, o início da aventura fez questão de esclarecer!
Percebo novamente que está mesmo frio, a indicação dada pelo Edge 800 que a temperatura ainda era negativa não era descabida, ele tinha a sua razão e eu estava já a congelar!

Chegado o Bruno, seguimos viagem!

O sol já se mostrava, mas lá em cima na Aboboreira o vento estava bem presente e parecia arrefecido em câmaras frigoríficas.
Ali já eu tinha percebido que não era preciso chegar à 1ª separação para saber que teríamos de optar pelo percurso menos complicado, eu já tinha percebido que infelizmente o Bruno não tinha a preparação necessária para mais do que os menos de 100km do percurso mais curto!

Foram-se acumulando mais quilómetros, mais desnível vertical, foram-se vendo novas fantásticas paisagens e após algumas paragens, na maior parte dos casos para aguardar pelo meu parceiro, fui aproveitando para tirar umas fotografias e desfrutar os vários momentos que a situação permitia viver, quer pelo percurso em si, quer pela presença de todos aqueles que pedalaram, muito ou pouco, perto de mim!

A chegada ao cimo do parque eólico do Marão mereceu uma boa paragem para o registo de várias fotografias, estava imenso frio e vento mas ali a paragem era obrigatória!

Já com cerca de 50km feitos e com muitas paragens pelo meio, chegamos à aldeia de Ferraria. Foi aqui que hidratei com uma Super Bock e aproveitei para almoçar (que rica salada italiana que uma cadeia de supermercados, vende!)
A paragem para o almoço foi longa e os músculos pensaram em relaxar, mas a subida até à Sra. da Serra tratou de os acordar novamente… subida, mas que subida!!!

Aqui fiquei completamente sozinho…
Todos aqueles que comigo pedalaram grande parte do percurso até então, tinham abrandado um pouco!
O Bruno já me tinha mandado ir embora e percebi que estava na hora de tirar fotos, comer, beber e seguir “alone”, já não havia forma de seguir para os 133km, mas podia aproveitar os últimos 32 do dia!

O Edge 800 lembrou-me que a bateria tem limites e não havia muito mais tempo de autonomia!

Aqui tive problemas para que o Edge 800 assumisse a navegação para o percurso mais curto. Agora a frio, penso que me assustei um pouco por estar sozinho, sem ver qualquer tipo de civilização, com a possibilidade de ficar sem GPS e por momentos não consegui perceber como seguia o Track de forma correcta e já só ouvia o alarme de “fora de rumo”.
Um gole da bebida com electrólitos, respirar fundo e carregar nas teclas virtuais certas do ecrã e finalmente vejo que é só meter as mudanças todas, rabo fora do selim e gás a fundo que a bateria estava a acabar!

Com mais calma começo a reconhecer aquela descida bem preenchida com pedra solta e miúda, ali subi na 2ª etapa da Douro Bike Race! Se antes a fiz devagar, desta vez ia no sentido mais correcto, ia a descer, era mais fácil!
A velocidade era alta e o único receio era trilhar um pneu, felizmente não aconteceu!
Já não me preocupava em me perder por falhar a bateria do Edge, apenas não queria deixar de registar todo o percurso!

Com 97km e 3500mt de desnível vertical realizados, finalmente sentado no muro ao lado onde o carro estava estacionado, restava-me esperar pelo Bruno que vinha por estrada, estafado!

Banho tomado e com um dia muito bem passado, foi hora de voltar à realidade, hora de acordar!

Cheguei a casa, satisfeito mas… ougado! Smile

1 comentário:

vilão disse...

Espero que tenha tirado as pulgas quase todas...as restantes saem quando voltares!